Infância e Juventude

Bullying na infância. Como lidar?

Nathalie Marques

Um jovem numa sala de aula vestido com uma armadura de gladiador

Bullying na infância. Como lidar?

 

O bullying é um fenômeno cada vez mais discutido e tema de grande preocupação entre pais e profissionais. Devido aos impactos psicossociais e até mesmo físicos, é extremamente importante todos estarem atentos aos comportamentos de proteção à criança e ao adolescente e aos sinais mais frequentes apresentados pelas crianças alvos de bullying.

Maioritariamente, as situações de bullying acontecem no ambiente escolar, contudo, o bullying na infância e adolescência não se propaga apenas na escola ou nas suas imediações.  A internet tornou-se um meio condutor para casos de bullying, onde os agressores têm uma plataforma perfeita para causar o terror com a vantagem de puderem permanecer na sombra.

 

Uma conversa só não chega. é preciso falar várias vezes sobre o tema.

O bullying na infância ou adolescência é um assunto sério que deve ser detetado a tempo, para que não tenha sérias repercussões na vida adulta.

É importante falar diretamente sobre o bullying com as crianças e abrir espaço ao diálogo e à partilha para podermos esclarecer as dúvidas da criança.

“O que é que significa bullying para ti?”, “Como é que são as crianças que são bullies?”, “Sentes receio de algum colega?”, “Porque é que achas que as pessoas fazem bullying?”, “Numa situação de bullying em que adultos confiavas?”.

Para algumas crianças pode ser difícil falar sobre situações de bullying e podem não responder a perguntas diretas sobre o tema. Nesses casos, em vez de perguntar diretamente se estão a ser vítimas de bullying, procure fazer questões sobre como foi o seu dia e observar alterações no seu comportamento, dando-lhe oportunidades de falar consigo sobre como se sentem. Outra forma, pode ser aproveitar uma situação na televisão e usá-la como um início de conversa: “O que pensas sobre isto?” ou “o que achas que aquela pessoa devia ter feito?”. Estas perguntas podem levar a outras, como “já viste situações destas acontecerem?”, “já experienciaste uma situação assim?”. Também pode ser útil falar sobre a própria experiência ou a de um membro da família.

Existem vários indícios de que uma criança pode estar a sofrer de bullying. Partilhamos alguns sinais de alerta, para que fique atento à sua criança.

  • Alterações nos padrões de sono e alimentares;
  • Choro ou raiva frequentes;
  • Mudanças de humor;
  • Sentir-se doente de manhã e não quer ir à escola;
  • Torna-se agressivo;
  • Recusa-se a falar acerca do que se passa;
  • Começa a perder dinheiro ou objetos que leva para a escola;
  • Tem hematomas inexplicáveis, cortes e arranhões;
  • Chega a casa com objetos danificados ou sem peças de roupa;
  • Costuma estar sozinho ou excluído de grupos;
  • Parece regularmente inseguro e assustado.

 

 

O meu filho é vítima de bullying! o que posso fazer?

Às vezes as crianças/jovens sentem que o bullying acontece por culpa própria, que se tivessem agido de forma diferente, não teria acontecido. Às vezes, têm medo que o bullie descubra que contaram a alguém e que tudo piore. Outras têm receio que os pais não acreditem nelas ou não façam nada para as ajudar ou que as instiguem a lutar como resposta.

Se o seu filho teve coragem para partilhar consigo a sua experiência de bullying não menospreze ou desvalorize a situação, ouça-o com atenção e empatia e elogie-o por ter tido essa coragem.

  • Não o culpe ou responda que terá de resolver o problema sozinho ou que o bullying “faz parte”.
  • Não diga ao seu filho para ignorar o bullying, isso só passará a mensagem que o bullying é algo a tolerar.
  • Não incentive a criança/jovem a responder ao bullie com mais comportamentos agressivos. Não vai resolver o problema: as respostas agressivas tendem a levar a mais violência e mais bullying contra as vítimas.
  • Contacte a escola

 

O meu filho é um bullie! o que posso fazer?

Se sabe ou reconhece sinais de que o seu filho possa fazer bullying é importante tentar ajudá-lo a mudar os seus comportamentos e atitudes negativas face aos outros. As crianças/jovens que fazem bullying têm maior probabilidade de se envolverem com comportamentos anti- -sociais e atividades violentas.

Considere seriamente o problema e resista à tendência para negar ou desvalorizar a gravidade do problema. O bullying não é um comportamento “normal” nem “faz parte de crescer”. Faça ver à criança/jovem que o comportamento é inaceitável e ajude o seu filho, com base nos seus pontos fortes, a desenvolver padrões de reação menos agressivos e mais empáticos.

Partilhamos algumas formas de abordar o assunto:

  • Verificar se a criança sabe que o seu comportamento é errado.
  • Mostrar à criança que uma brincadeira só é aceitável se todos os envolvidos estiverem de acordo.
  • Ajude a criança colocar-se no lugar do alvo para que possa pensar sobre a forma como a criança vítima de bullying poderá sentir-se.
  • Envolver a criança na resolução da situação.
  • Não usar castigos físicos, o que reforçará a crença de que a agressividade e o bullying são aceitáveis.

Para lidar com situações de bullying infantil não basta tomar atenção à vítima, negligenciando o agressor. É fundamental perceber que são ambos lados da mesma moeda e que devem ser acompanhados: auxiliando a vítima a lidar com a situação e a ultrapassar os seus efeitos negativos e ajudar o bullie a alterar os seus padrões de comportamento, identificando a raiz do problema.

Se identifica sinais de bullying no seu filho ou aluno e não sabe o que fazer com a situação, podemos ajudá-lo! Poderá solicitar o apoio através do nosso programa de coaching infantil e juvenil ou consultas de psicologia.

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