Parentalidade

O Primeiro Natal Após o Divórcio dos Pais

Beatriz Simões Mota

Imagem em feltro de menino sozinho no natal numa casa dividida

O Natal é uma experiência com um significado e impacto importante para as famílias. No entanto, o divórcio pode afetar muito o espírito natalício e, por isso importa a forma como os pais lidam e gerem a situação. 

Em primeiro lugar, é crucial normalizar a situação, e a partir deste momento encarar o Natal na perspetiva da existência de 2 famílias e 2 casas. O processo de divórcio não é linear, e quando existem filhos em comum este é um processo ainda mais vincado de avanços e recuos. Ainda assim, os pais devem sempre reforçar a ideia de que o divórcio é conjugal, e nenhum deles se divorciou do seu/sua filho/a. 

 De forma a facilitar esta fase vincada de muitas mudanças, deixamos algumas sugestões: 

Criar momentos de partilha com os seus filhos

  • Durante o mês de dezembro pode fomentar atividades natalícias com os seus filhos, por exemplo a montagem da árvore de Natal, ou outras atividades que já eram rituais desta época. Permitindo assim criar momentos de partilha e uma oportunidade para a criança partilhar as suas emoções face à situação. Visto que, este é um momento em que os filhos podem sentir-se muito confusos, zangados, tristes, com medo, etc…

Alternar entre a noite de 24 e o dia de 25 

  • Se for uma opção viável na vossa família, os pais devem tentar negociar a noite de 24 e o dia 25 de forma alternada e comunicar com antecedência essa decisão à criança, para que seja mais organizador para ela. Relembrando que esta é uma decisão importante para a criança, e a criança só tem a ganhar quando os pais são capazes de respeitar as decisões um do outro. 

Criação de novas tradições 

  • Se esta opção for viável, sugere-se que este processo seja repetido de forma anual, e que se criem algumas tradições para realizar em cada um dos dias, de forma alternada. Por exemplo, o dia 24 é com a mãe por isso, irá realizar broas com a avó materna e a mãe, e no dia 25 que será com o pai fará filhoses com os avós paternos e o pai. No ano seguinte, poderemos trocar estas atividades para o dia oposto ou arranjar novas atividades. Esta organização irá contribuir para a criança ter uma recordação feliz do Natal anterior e assim perspetivar que o próximo Natal também o será. 

Manter o contacto com o progenitor ausente

  • Na noite de Natal é importante permitir e incentivar a criança a ligar ao progenitor ausente. Esta atitude irá atenuar a dor e o peso da distância. Contudo, é crucial que o progenitor que não está presente fale com alegria e transmita segurança à criança, minimizando assim o sentimento de divisão entre 2 cenários/casas. Lembre-se as crianças ficarão bem, se os pais também estiverem bem. 

Não compensar a situação com prendas 

  • Quanto ao momento de abertura das prendas, guarde para quando estiverem juntos.  Se for somente no dia 25 não envie as prendas para abrirem no dia 24, partilhem esse momento juntos. De qualquer forma, não tente compensar a situação por uma maior quantidade de prendas. A criança ficará feliz com a sua prenda, seja ela qual for e irá recordar é o momento, o amor e a atenção que lhe ofereceu.   

O que mais importa é que todos se mantenham empenhados em assegurar o bem-estar das crianças e que continuam a existir as tradições que já faziam parte da sua rotina das crianças. Ainda que, com a periodicidade adaptada à nova realidade e/ou com os devidos ajustes.

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