Saúde Mental e Bem Estar

Terapia & Psicologia Clínica nas Crianças

Nathalie Marques

Um menino com um ar sobrio sentado numa poltrona

"Terapia & Psicologia Clínica nas Crianças"

As vantagens, desafios e como funciona

“De acordo com a estimativa da OMS, 20% das crianças e adolescentes têm, pelo menos, uma perturbação mental”. Esta é uma informação que podemos encontrar com uma simples pesquisa no google, o que mostra que é de conhecimento de todos e que realmente acontece, por isso, a intervenção com crianças é relevante, necessária e urgente.

A psicologia infantil é a área que se dedica à criança ao nível comportamental, emocional, social e familiar, respeitando as suas necessidades, envolvendo todos os agentes que fazem parte da sua vida, desde a família, à comunidade escolar, ao meio social e todos os outros envolvidos no seu dia-a-dia e que participem no seus cuidados e bem-estar. Na área infantojuvenil, a psicologia pode atuar ao nível clínico e da saúde e também ao nível da educação e da parentalidade.

Na prática clínica com os mais novos, o psicólogo age como intermediário entre a necessidade que não é expressa e a questão levou à procura de ajuda. O seu papel deve ser o de acolher as preocupações dos adultos e entender, através da observação, da avaliação psicológica e, principalmente, com a relação que é estabelecida com a criança, aquilo em que é realmente necessário e mais urgente intervir. 

O papel da psicologia infantil é alargado, tendo uma função interventiva, em casos urgentes e não urgentes e preventivo, através de um desenvolvimento pessoal ou pelas ações em grupos ou na comunidade. Não existe uma idade certa para começar a frequentar as consultas, a questão está na forma como é feita a mesma. Isto é, em idades mais precoces, a intervenção incide no trabalho com pais e filhos em sessão, e em idades mais avançadas (por exemplo a partir dos 4 anos) já é possível alternar entre apenas a criança em sessão (e em paralelo com a família) e o trabalho com todos em conjunto em sala de atendimento.  

Tem como finalidade o apoio na resolução dos problemas e/ou para a melhoria do seu potencial enquanto pessoa, contribuindo para o autoconhecimento, treino de competências específicas e, de forma alargada, para a melhoria na qualidade de vida. 

A vantagem de procurar um psicólogo especialista nesta área é, acima de tudo, a de encontrar um profissional que saiba olhar e orientar para um caminho mais apoiado, com conhecimento sustentado na ciência e numa experiência que contribui para resoluções saudáveis, não danosas e considerando os pormenores de um público com tantas especificidades e que dependem de inúmeras variáveis. Por isso, a maior vantagem de procurar um psicólogo infantil é que irá encontrar um profissional com qualificações para estar à altura (mesmo que implique estar de cócoras) de o ajudar.

 

Existem vários desafios:

  • Compreenderem a real importância da psicologia desde cedo. São muitas vezes confundidas problemáticas (agressividade, oposição, tristeza, birras, ansiedade, por exemplo) com “má educação”, “preguiça”, “falta de interesse”, “incompetência”, recorrendo a estes termos pouco realistas e pouco adequados e ignorando a importância de agir. 
  • Em manter motivada e empenhada a criança na sessão. Para contornar esse ponto, o psicólogo deve agir sempre com muita empatia, estar descontraído e usar uma linguagem adequada. Uma boa dose de criatividade é também extremamente relevante porque a criança pode ser imprevisível e obrigar a estratégias adaptadas para atingir o objetivo pretendido.
  • O envolvimento da família. Embora se possa ter o pressuposto de que a família está sempre pronta para ajudar as crianças, a verdade é que a realidade pode não corresponder a essa premissa, pois fatores como conflitos, condicionamentos profissionais e indisponibilidade pessoal para se envolver no processo terapêutico. Estes são alguns dos fatores que impossibilitam, por vezes, esse envolvimento ideal.
  • O empenho da comunidade escolar. Por limitações variadas, a comunidade escolar está, muitas vezes despreparada para lidar com assuntos delicados e recorrer a estratégias reabilitadoras, levando-os a optar por decisões rápidas, estandardizadas e pouco eficientes.  

É importante que a família e a criança saibam o que esperar do processo terapêutico e da consulta propriamente dita. É necessário descrever como um espaço onde os mais jovens são a pessoa mais importante do processo, onde terá a oportunidade de se expressar sem julgamento, ao seu ritmo, com um adulto em escuta ativa e empático com as suas experiências pessoais. Lá, é onde também irá conhecer-se cada vez mais através das suas autorreflexões e pelas estratégias trabalhadas. 

Da consulta em si, podemos partilhar com os pais e a criança, que se realiza através de momentos lúdicos, como brincar, desenhar, jogar, contar histórias e através do diálogo. Claro que, quando estas informações são passadas também à criança, devemos usar um discurso adaptado à sua idade. Todo este cuidado, em transmitir-lhe o funcionamento e o que é esperado, demonstra transparência, que potenciará a confiança em nós e a sensação de serem validadas enquanto pessoas importantes no processo.

É importante explicar ao adulto que este também faz parte do processo para a recolha dos dados da história de vida e para fazer parte da mudança pretendida, reavaliando a forma como participa na vida da criança e colaborando de acordo com as orientações e as estratégias pensadas em conjunto.

Em suma, a psicologia tem um papel fundamental no suporte e prevenção na área da saúde mental, através da possibilidade de avaliar, intervir, apoiar e dar estratégias específicas, ajudando assim a lidar com os diferentes desafios do crescimento e da vida de forma geral.

Se está a precisar de ajuda, para si ou para o seu filho, contacte-nos e marque uma consulta. Juntos iremos encontrar a solução que mais se adequa à sua situação.

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